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Alimentação e câncer: descubra a relação entre eles

Alimentação e câncer: descubra a relação entre eles

Alimentação e câncer: descubra a relação entre eles

Publicado por Oncocenter em 14/09/2021 às 14:56

Por Oncocenter

 


O câncer é uma doença muito complexa, com diversos fatores relacionados ao seu desenvolvimento. Não é uma doença única, com um tratamento único. Alterações nos genes, no estilo de vida e o ambiente externo podem aumentar ou diminuir o risco de desenvolver um tumor maligno.

Portanto, ações que possam reduzir a chance de desenvolvimento dessa doença ao longo da vida são fundamentais. Algumas dessas ações podem ajudar a prevenir o câncer, com mudanças na alimentação, praticar atividades físicas de forma regular e orientada, eliminar o hábito de fumar e evitar bebidas alcoólicas.

O médico cirurgião oncologista da Clínica Oncocenter, Adalzizio Vieira de Araújo Filho, afirma que a alimentação é um tema que gera muita controvérsia e polêmica quando relacionada ao câncer.

 

“O consumo de determinados alimentos se associa com maior ou menor risco de desenvolver essa doença. Além disso, as evidências apontam que a nutrição adequada desempenha papel importante antes, durante e após tratamentos em pacientes diagnosticados com diversos tipos de câncer”, aponta.

 

O especialista explica a seguir os pontos mais importantes dessa relação entre a alimentação e o desenvolvimento da doença.

Relação direta entre hábitos alimentares e o câncer

Estudos de observação, que podem levar anos para concluir uma determinada informação, têm demonstrado o papel dos hábitos alimentares no risco de desenvolver câncer.

 

Nesses estudos, é difícil para quem participa controlar o que come durante um longo período de tempo. Isso pode explicar por que os estudos apresentam resultados diferentes sobre como a dieta afeta o risco de câncer.

Foi estimado pelo Instituto Americano de Pesquisa do Câncer e pelo Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer que 30% a 40% de todos os cânceres poderiam ter seu risco de desenvolvimento reduzido por dietas adequadas, atividade física e manutenção de peso corporal adequado ao longo da vida.

É um percentual significativo e, provavelmente, seja maior para alguns tipos de câncer individuais, como câncer de intestino e próstata.

Alguns fatores de risco para câncer podem ser evitados, mas muitos não. Por exemplo, fumar e herdar certos genes são fatores de risco para alguns tipos de câncer, mas apenas o fumo pode ser modificado (ou seja, não fume!).

Os fatores de risco que uma pessoa pode controlar são chamados de fatores de risco modificáveis. E justamente os tumores malignos mais comuns como câncer de intestino (cólon), esôfago, estômago, mama, pâncreas, endométrio (útero) e próstata são aqueles que poderiam ter seu risco reduzido com mudanças nos hábitos de vida e alimentares, pois muitos se associam também com a obesidade, que por sua vez se associa a hábitos alimentares ruins.

Consumo excessivo de ‘energia’ (calorias)

Comer em excesso é um dos principais fatores de risco para o câncer. Isso pode ser demonstrado de duas maneiras: pelo risco de doenças malignas causadas pela obesidade e pelo efeito protetor de comer menos.

Açúcar e outros carboidratos

Alimentos com alto teor de açúcar foram associados a um maior risco de câncer, incluindo câncer de estômago, pâncreas, mama e intestino (cólon).

Pacientes com dietas ricas em carboidratos refinados (como açúcar comum e farinha branca de trigo) ao longo da vida tinham quase duas vezes mais chance de morte por câncer de intestino do que aqueles que consumiam uma dieta pobre em carboidratos refinados.

 

Além disso, carboidratos em excesso promovem níveis anormalmente elevados de insulina no sangue, o que contribui para reações inflamatórias em nosso organismo sem que possamos perceber. A longo prazo, isso pode levar ao crescimento de células anormais e contribuir para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer.

Esse pode ser um dos fatores que fazem com que pessoas com diabetes - uma condição caracterizada por altos níveis de glicose no sangue e insulina - têm maior risco de certos tipos de câncer. Como exemplo, o risco de câncer de intestino é 22% maior em pacientes diabéticos.

Para reduzir o risco de câncer, devemos limitar ou evitar alimentos ricos em açúcar e carboidratos. E principalmente entender que tais açucares tem sim seu valor nutricional, mas que o grande problema é seu consumo excessivo. Refrigerantes, chás engarrafados, bebidas ‘energéticas’ e muitos ‘sucos’ vendidos como ‘saudáveis’ adicionam quantidades absurdamente elevadas de açúcar em sua composição.

Carne processada e carne vermelha

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) considera a carne processada (salsichas, presunto, bacon, salames, defumados, etc.) uma substância cancerígena, ou seja, que causa câncer.

Pesquisas observacionais identificaram associação entre o consumo de carne processada a maior risco de câncer, particularmente câncer de intestino (cólon), estômago e pâncreas. E produtos considerados ‘saudáveis’ ou ‘light’ como peito de peru entram nessa lista.

O risco de câncer de intestino foi 19% mais alto para as pessoas que consumiram em média 30 gramas por dia (mais ou menos uma fatia de bacon ou de presunto) ou uma salsicha, comparadas com as que consumiam em média 5 gramas diárias.

Outra revisão de mais de 800 estudos descobriu que consumir apenas 50 gramas de carne processada por dia - cerca de quatro fatias de bacon ou um cachorro-quente - aumentou o risco de câncer de intestino em 18%.

 

Carnes processadas recebem adição de nitritos, que são substâncias que ajudam a aumentar sua validade, mas são sabidamente perigosas para nossas células podendo provocar câncer de intestino e estômago.

Alguns estudos observacionais também ligaram o consumo de carne vermelha a um risco aumentado de câncer. Atualmente, a carne vermelha é considerada substância provavelmente cancerígena.

Vários compostos presentes na carne (sais, ferro degradado, gorduras saturadas) podem estimular proliferações celulares anormais no intestino que podem promover o desenvolvimento do câncer.

A forma de preparar a carne vermelha também tem sua importância: fritar ou grelhar - e a própria fumaça do churrasco – produz substâncias sabidamente cancerígenas, como aminas policíclicas (APA) e hidrocarbonetos policíclicos (HPA). Este mesmo efeito não foi observado com carnes brancas (aves e peixes), sugerindo menor risco de associação com câncer.

O risco de câncer foi 15% mais alto para pessoas que consumiram 54 gramas por dia de carne vermelha (cerca de uma fatia grossa de carne assada) em média, em comparação com as que comeram 8 gramas por dia.

Mas também devemos saber que a carne vermelha contém proteínas que são importantes em nossa dieta, além de nutrientes como vitaminas B, ferro e zinco, e uma redução equilibrada de seu consumo pode ser realizada.

Tipo de preparo dos alimentos

Preparar certos alimentos em altas temperaturas, como grelhar, fritar, refogar, grelhar ou fazer churrasco, pode produzir compostos prejudiciais ao organismo que contribuem para a inflamação e pode desempenhar um papel no desenvolvimento do câncer e de outras doenças.

Certos alimentos, como alimentos de origem animal com alto teor de gordura e proteína, bem como alimentos altamente processados, têm maior probabilidade de produzir esses compostos prejudiciais quando submetidos a altas temperaturas.

Isso inclui carne - especialmente carne vermelha - ovos fritos, manteiga, margarina, cream cheese e maionese.

 

Para minimizar o risco de câncer, deve-se evitar ‘queimar’ os alimentos e escolher métodos de cozimento mais suaves, especialmente ao cozinhar a carne vermelha.

Frutas, vegetais e fibras

Existem muitos mecanismos pelos quais frutas e vegetais protegem contra o câncer, e os estudos são de forte evidência para que as pessoas comam mais frutas, vegetais e fibras. Várias substâncias presentes em frutas e vegetais tem efeito protetor celular, de forma que é improvável que todo esse efeito seja devido a um único nutriente.

Esses alimentos são fontes de vitaminas, minerais, fibras, fitoquímicos e de outros componentes que agem de forma sinérgica nas células do organismo. Um maior consumo de vegetais e frutas é de fato consistente com proteção contra câncer de estômago, esôfago, endométrio (útero), pâncreas e intestino.

E os benefícios de um maior consumo de frutas, vegetais e fibras parece ser mais pronunciado quando associado a menor consumo de gorduras e carne vermelha ao longo dos anos.

Existem muitas substâncias que são protetoras em frutas e vegetais: compostos de allium (presentes no alho e cebola), isoflavonas, fitosteróis, vitamina C, D-limoneno, luteína, ácido fólico, carotenóides, licopeno, selênio, vitamina E, flavonoides, sulforofanos e fibra alimentar.

Alimentos ricos em fibras estão associados com redução de risco de câncer, particularmente câncer de intestino. Auxiliam na fisiologia intestinal, diminuindo o tempo de contato de substâncias originadas da digestão dos alimentos com o próprio intestino.

Quanto às diferentes fontes de fibras, aquelas presentes em cereais e grãos integrais estão associadas a redução de risco de câncer intestinal, e seu consumo deve ser estimulado dentro de um contexto de dieta saudável.

Considerações

Não existe um único ‘superalimento’ que possa prevenir o câncer. Uma dieta equilibrada associada a prática de atividades físicas, controle de peso, redução de consumo de bebidas alcoólicas e cessar o hábito de fumar será sem dúvida benéfica não apenas na redução de risco de câncer, mas também de outras doenças.

 

Encontrar ligações específicas entre um alimento ou nutriente e o câncer é sempre desafiador para os pesquisadores. Os alimentos são muito variados, criando interações difíceis de serem demonstradas cientificamente. E essas interações envolvem desde hábitos culturais até a quantidade ingerida e forma de preparo de um determinado alimento, influenciando em seus benefícios.

Cada organismo é único, e uma mudança de hábitos alimentares pode melhorar a qualidade de vida. Isso pode ser orientado por médicos e nutricionistas, mas a vontade em promover tais mudanças depende unicamente de nós mesmos.

Em uma próxima oportunidade, discutiremos como a alimentação pode auxiliar durante o tratamento e recuperação de pacientes diagnosticados com câncer.

DR. ADALZIZIO VIEIRA DE ARAUJO FILHO, MÉDICO - CIRURGIÃO ONCOLOGISTA - CRM-MT 3943 RQE 1995

MESTRADO EM CIRURGIA, NUTRIÇÃO E METABOLISMO

PROFESSOR DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CIRURGIÃO ONCOLOGISTA DA ONCOCENTER – CUIABÁ – MT

Responsável Técnico pela Clínica Oncocenter Dr Cleberson Queiroz CRM - MT: 4431 / RQE: 1817

Referências bibliográficas

Josh, Amit D et al. “Meat intake, cooking methods, dietary carcinogens, and colorectal cancer risk: findings from the Colorectal Cancer Family Registry. ” Cancer medicine vol. 4,6 (2015): 936-52. doi: 10.1002/cam4.461

Donaldson, Michael S. “Nutrition and cancer: a review of the evidence for an anti-cancer diet. ” Nutrition journal vol. 3 19. 20 Oct. 2004, doi: 10.1186/1475-2891-3-19

Crowe, William et al. “A Review of the In Vivo Evidence Investigating the Role of Nitrite Exposure from Processed Meat Consumption in the Development of Colorectal Cancer. ” Nutrients vol. 11,11 2673. 5 Nov. 2019, doi: 10.3390/nu11112673

Bouvard, Véronique et al. “Carcinogenicity of consumption of red and processed meat.” The Lancet. Oncology vol. 16,16 (2015): 1599-600. doi: 10.1016/S1470-2045(15)00444-1

Armstrong, Heather et al. “The Multifaceted Roles of Diet, Microbes, and Metabolites in Cancer. ” Cancers vol. 13,4 767. 12 Feb. 2021, doi:10.3390/cancers13040767

 

Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/especial-publicitario/oncocenter/noticia/2021/09/13/alimentacao-e-cancer-descubra-a-relacao-entre-eles.ghtml

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